Novo
mercado
Com colaboração simultânea,
Google quer escritórios de
advocacia como clientes
20 de julho de 2016,
8h40
Por Brenno Grillo
O Google quer ter
os advogados como clientes. A empresa,
que ficou conhecida pelas buscas na
internet e hoje é dona de sites
como YouTube (de vídeos) e
Gmail (de e-mails), organizou um evento
em sua base em São Paulo para
detalhar quais de seus produtos podem
servir para o dia a dia da advocacia
e como é a melhor maneira de
usá-los. Inclusive empresas
que já atuam no ramo estiveram
no evento para analisar possíveis
parcerias.
Daniel Travelstead,
gerente do Google em São Paulo,
afirma que as inserções
tecnológicas no mercado da
advocacia desde a década de
1980 aumentaram a produtividade, mas
mantiveram o mesmo modelo de trabalho.
Essa maneira de trabalhar tem a seguinte
lógica: criação,
envio (divulgação) do
trabalho, análise por terceiros
(da mesma ou de outra empresa) e consolidação
do conteúdo produzido.
Agora, diz, a ideia
é que tudo isso seja feito
de maneira simultânea. “Estamos
na terceira fase do modelo produtivo
de trabalho”, explica Travelstead,
ressaltando que a produção,
em qualquer área de atuação,
é muito maior quando feita
em conjunto.
No evento, foi detalhado
o funcionamento de alguns aplicativos
desconhecidos do grande público,
como o Google Vault. É uma
espécie de "cofre"
nos quais os administradores de contas
corporativas do Google podem acessar
todas as informações
criadas pelos funcionários
na rede empresarial — até
e-mails que nunca foram enviados,
mas foram salvos como rascunho e depois
apagados.
As buscas são
feitas por palavras-chave e só
o responsável pela conta pode
fazê-las. As pesquisas também
alcançam as informações
salvas no Google Drive, uma espécie
de arquivo digital.
Funcionamento
na prática
No evento, o escritório MLS
Advogados foi usado como exemplo de
bom funcionamento dos serviços
da multinacional. Marcia Ladeira,
uma das sócias da banca, afirmou
que usa os programas da companhias
há três anos, e que os
funcionários assimilaram as
novas rotinas em um mês. As
ferramentas permitem, além
de edição de textos
e de planilhas, a montagem de apresentações.
A advogada destacou
que o hangouts — aplicativo
que permite conversas simultâneas
com até 25 pessoas por videoconferência
— ajudou bastante em sua rotina,
diminuindo o número de reuniões
que ela precisaria fazer presencialmente.
Marcia Ladeira detalhou
ainda que a idade dos funcionários
não foi empecilho para a adaptação.
Ela contou que quando seu escritório
passou a usar os aplicativos do Google,
seu tio, que tinha mais de 70 anos
à época, assimilou rápido
o uso das ferramentas.
“A mudança
[de modelos de trabalho] não
é tão radical”,
disse Oscar Alam, Diretor-Geral da
Intelligence Partner, uma empresa
espanhola que também atua no
Brasil oferecendo os serviços
corporativos do Google, além
do suporte aos usuários que
contratam esses pacotes empresariais
e a migração de sistemas.
Oscar ressalta também
a segurança dos serviços
oferecidos, tanto contra invasores
quanto para saber as atitudes dos
funcionários em relação
ao trabalho. Isso porque todos os
conteúdos criados e editados
em aplicativos do Google geram uma
ação que fica registrada
em um histórico, ou seja, é
possível saber quem mexeu em
qual arquivo e através de qual
máquina ou dispositivo.
Também há
a possibilidade, segundo Alam, de
limitar os horário que os trabalhadores
acessam o material, para evitar, por
exemplo, horas extras desnecessárias
ou em excesso.
Além dos editores
de conteúdo e aplicativos de
gerencimento e back up, foram demonstrados
os métodos de uso da Agenda,
do Google Keep, espécie de
post it eletrônico que pode
ser editado por várias pessoas
simultaneamente e o Google + Coporativo.
Nas
possibilidades dentro da agenda, a
que mais chama a atenção
é o compartilhamento dos compromissos,
ou seja, todos do escritório
marcam seus afazeres internos e externos
no calendário do escritório
e podem adequar suas rotinas às
de seus colegas, ou transferir uma
visita a um cliente para outro advogado
mais disponível.
Insegurança
de muitos
Uma crítica, no entanto, foi
praticamente unânime entre os
participantes do evento: por mais
que a tecnologia possa ser usada de
forma gratuita na rede, de nada serve
sem uma boa infraestrutura de internet
e um bom pacote de dados móveis.
A insegurança de não
poder acessar, de repente, todos os
arquivos de seu escritório
tornam a realidade da nuvem acessível
apenas para alguns.
*Texto alterado às
15h30 do dia 20 de julho de 2016 para
supressão de informações.
Brenno Grillo é
repórter da revista Consultor
Jurídico.
Revista Consultor
Jurídico, 20 de julho de 2016,
8h40